Ele vive descabelado
E essa é uma das coisas que eu mais gosto nele
Na verdade eu não sei dizer o que mais gosto
Gosto de tudo
Gosto do pelo da barba que nasce no furo do piercing de um jeito engraçado
Gosto das mãos trêmulas e do jeito mal-humorado
Gosto dos olhos e de como me olham
Esse pensamento ia me pegando enquanto ele se movia de um lado pro outro atrás de mim,
Estava colecionando as nossas memórias para coloca-las dentro de uma caixinha, assim el deixaria um pedaço de mim com ele quando eu não estivesse lá.
Ele estava sem camisa e com uma bermuda que eu adoro
O pano de prato pendurado no ombro e ele disse " Olha só, papai noel passou mais cedo!"
Mal sabe ele que toda oportunidade que eu tenho dou uma espiadinha nele.
Não posso evitar.
Demorei um pouco pra entender o que ele tinha dito e então sorri
Esperando desesperadamente que o Natal chegasse e eu pudesse ver meu presente
Ele um pouco impaciente perguntou se eu não ia abrir
"Mas já pode?"
[...]
Eu conheço o humor dele muito bem
Ele acha que não, mas eu conheço.
Vi a cara que ele fez quando viu a última peripécia
" Você está linda"
Dessa vez eu acreditei, nem que ele quisesse ia conseguir fingir aquela cara.
Eu gosto do jeito tímido dele de dizer as coisas.
Não consigo parar de amá-lo um instante.
Coisa besta essa de amor, como se eu precisasse lembrá-lo disso.
Eu sei que não preciso, mas às vezes eu transbordo em palavras.
[...]
Eu não sabia exatamente o que eu tinha feito.
Esses momentos tomados por emoção costumam me deixar confusa
Ele estava inalcançável
Uma ponte foi construída e destruída até que eu conseguisse chegar até ele.
E ele continuava lindo, mas frio.
Eu não sabia mais o que dizer, eu não tinha mais argumento.
Brigamos e eu com olhos salgados e já sem rumo de raciocínio pedi pra que ele olhasse pra mim
"Eu amo você"
" Mas isso é evidente"
" Não importa, eu estou confirmando"
De repente os olhos dele se aqueceram de volta, e era possível alcançá-lo
Mesmo dormindo na mesma cama, nunca estivemos tão perto.
Ele me amava também.
[...]
Ele fica sem jeito de me dizer não e eu detesto isso
Não quero ele infeliz
Por nada no mundo
Acho que amor é isso
Ele é tão incrível que às vezes me falta como dizer, e tudo que eu faço parece tão insuficiente
Como mostrar e pelo menos corresponder a tudo que ele me deu?
Ele não faz ideia, mas além de amor ele me deu algo muito maior
Esperança.
Ele não sabe, mas de todos os presentes
Ele é o que eu agradeço todos os dias.
E é quando meu peito dói e aperta, quando não há espaço para mais nada além de sentir que tenho duas opções: Ou transbordo em letras, ou em lágrimas.
dezembro 19, 2016
Ela
Ela estava sentada com seu vestido de "fazer miçanga"
As pernas longas em cima da cadeira da mesa de jantar
Eu detesto a mesa de jantar
Mas gosto um pouco mais quando ela está ali
Ela cortava papéis e cantarolava músicas esquisitas enquanto eu todo desajeitado embrulhava o presente dela que chegou no dia anterior
"Olha só, papai Noel passou mais cedo!"
Ela olhou por cima do ombro ainda se desfazendo da concentração da sua tarefa anterior e sua expressão demorou alguns segundos pra se desfazer.
Com o cenho levemente franzido ela começou um sorriso que terminou com um rosto de criança em manhã de Natal.
Tem sido Natal muitos dias aqui em casa.
Ela fez um barulhinho engraçado e voltou a fazer o que estava fazendo.
Eu fiquei na escada esperando que ela viesse abrir seu presente, ela não veio.
Esperei mais um tanto até que disse "Você não vai abrir?"
E ela: " Mas já pode?"
Mal sabia ela que eu também não conseguia controlar minha ansiedade para assistir sua reação ao abrir o pacote.
[...]
Perdi as contas de quantas vezes ela mudou a cor do cabelo.
Acho que desde que estamos juntos foram 4 ou 5.
Ela estava com a minha camiseta do Ramones e dizia indignada " Você jura que não consegue ver o roxo?"
Não consigo, mas não faz diferença.
Ela é muito bonita, uma pena que ela não partilhe da mesma opinião.
Ela repete incessantemente que me ama faz uns dias, é um pouco irritante.
Talvez seja amor acumulado, talvez ela queira ouvir que também a amo.
Talvez um pouco dos dois, ou nenhum deles.
Como se já não estivesse claro, mais do que eu gostaria de admitir.
Ela não é fácil.
Ela é teimosa, às vezes reclamona, e dependendo do humor ela fica um saco.
Acho que faz parte, nem tudo são flores, ela não poderia ser diferente.
[...]
Ela estava em cima de mim, com aquele par de olhos negros mareados de água salgada.
Brigamos.
Não sei ao certo como, mas brigamos.
Ela segurou em meu rosto com as duas mãos e me pediu "Olha pra mim"
Eu estava olhando, mas talvez não estivesse olhando de verdade, sabe?
Quando a gente busca um ponto fixo perto da pessoa para não ter que encara-la?
Talvez eu me afogasse debaixo daquela maré.
A expressão dela era séria e doce ao mesmo tempo, eu a encarei.
"Eu amo você"
Foi a primeira vez que ela me disse essa frase sem nenhum acompanhamento.
Era o prato principal servido solo, como se o chef acreditasse muito no seu potencial.
Acabou ali.
Eu não tinha mais argumento.
Eu a amava também, mais do que gostaria de admitir.
As pernas longas em cima da cadeira da mesa de jantar
Eu detesto a mesa de jantar
Mas gosto um pouco mais quando ela está ali
Ela cortava papéis e cantarolava músicas esquisitas enquanto eu todo desajeitado embrulhava o presente dela que chegou no dia anterior
"Olha só, papai Noel passou mais cedo!"
Ela olhou por cima do ombro ainda se desfazendo da concentração da sua tarefa anterior e sua expressão demorou alguns segundos pra se desfazer.
Com o cenho levemente franzido ela começou um sorriso que terminou com um rosto de criança em manhã de Natal.
Tem sido Natal muitos dias aqui em casa.
Ela fez um barulhinho engraçado e voltou a fazer o que estava fazendo.
Eu fiquei na escada esperando que ela viesse abrir seu presente, ela não veio.
Esperei mais um tanto até que disse "Você não vai abrir?"
E ela: " Mas já pode?"
Mal sabia ela que eu também não conseguia controlar minha ansiedade para assistir sua reação ao abrir o pacote.
[...]
Perdi as contas de quantas vezes ela mudou a cor do cabelo.
Acho que desde que estamos juntos foram 4 ou 5.
Ela estava com a minha camiseta do Ramones e dizia indignada " Você jura que não consegue ver o roxo?"
Não consigo, mas não faz diferença.
Ela é muito bonita, uma pena que ela não partilhe da mesma opinião.
Ela repete incessantemente que me ama faz uns dias, é um pouco irritante.
Talvez seja amor acumulado, talvez ela queira ouvir que também a amo.
Talvez um pouco dos dois, ou nenhum deles.
Como se já não estivesse claro, mais do que eu gostaria de admitir.
Ela não é fácil.
Ela é teimosa, às vezes reclamona, e dependendo do humor ela fica um saco.
Acho que faz parte, nem tudo são flores, ela não poderia ser diferente.
[...]
Ela estava em cima de mim, com aquele par de olhos negros mareados de água salgada.
Brigamos.
Não sei ao certo como, mas brigamos.
Ela segurou em meu rosto com as duas mãos e me pediu "Olha pra mim"
Eu estava olhando, mas talvez não estivesse olhando de verdade, sabe?
Quando a gente busca um ponto fixo perto da pessoa para não ter que encara-la?
Talvez eu me afogasse debaixo daquela maré.
A expressão dela era séria e doce ao mesmo tempo, eu a encarei.
"Eu amo você"
Foi a primeira vez que ela me disse essa frase sem nenhum acompanhamento.
Era o prato principal servido solo, como se o chef acreditasse muito no seu potencial.
Acabou ali.
Eu não tinha mais argumento.
Eu a amava também, mais do que gostaria de admitir.
dezembro 14, 2016
Natal
Eu escolhi
Uma por uma com muito carinho
Bolinhas brilhantes e luzinhas
Escolhi o tamanho da árvore
Que feita de plástico
Nunca foi tão verdadeira
Escolhi a estrela da ponta
Escolhi pensando em nós
Eu e você
Escolhi a cerveja
E lembrei do queijo na geladeira
Abrimos as folhagens de plástico
Sentamos no chão
E enfeitamos os galhos um a um
É Natal no meu coração.
Uma por uma com muito carinho
Bolinhas brilhantes e luzinhas
Escolhi o tamanho da árvore
Que feita de plástico
Nunca foi tão verdadeira
Escolhi a estrela da ponta
Escolhi pensando em nós
Eu e você
Escolhi a cerveja
E lembrei do queijo na geladeira
Abrimos as folhagens de plástico
Sentamos no chão
E enfeitamos os galhos um a um
É Natal no meu coração.
setembro 13, 2016
Pertencimento, encontrar-se e um pouco mais.
Tive o prazer de viver e conhecer coisas lindas esse ano
Outras nem tanto
Que fizeram tanta parte de quem eu sou, que hoje vejo até certa beleza nisso
Mas o mais importante é que aprendi a olhar com maior profundidade para o próximo
Nossa batalha diária não é tão única quando a gente deixa de olhar pra si e repara um pouco mais no mundo à nossa volta
Eu não sou o centro do universo
E nem você
E ta tudo bem!
Nossas rotas podem se encontrar vez ou outra
Encontrar identificação no outro e empatia, tão raro e tão preciso e precioso
Estamos carentes
Carentes de sermos humanos
De sermos nós mesmos
Conheci pessoas tão incríveis e singulares
Cada uma com seu pequeno universo particular, tão bonito e profundo
Com as quais eu pude ser eu, de todas as formas e falhas que isso possa vir a ser
Todas tão especiais, tão bonitas que eu nem sei
O mundo tá cheio delas, acho que a gente não olha direito
A gente não se permite muito ser tocado
Quem dirá tocar o outro
É mais fácil olhar a imagem
E partir do principio dela
Julgar um livro pela capa
Quantas e quantas vezes a gente não fez isso ?
Quantas vezes não olhamos para o outro cheios de preconceitos e limites
Quantas vezes não fizemos isso com nós mesmos?
Que mania tola essa nossa de querer nos encaixar em algo que não nos pertence!
Por que aparar todas as nossas arestas e nos colocar em um cubo perfeito,
Quando o que nos difere e nos deixa tão bonitos é o que a gente tem de diferente?
Tempo é relativo, e encontrar lugares e pessoas onde a gente sente que pertence é tão mágico quanto cada uma dessas pessoas que conheci
E não importa se elas vão embora amanhã, ou se ela ficarão para sempre
Importa o quanto elas já me deram e o quanto eu gostaria de poder retribuir
Importa o amor que a gente sente, às vezes em um pequeno momento
E outras vezes em todos, repetidamente, incessantemente e incansavelmente
Tantas pessoas admiráveis
E esse é o primeiro passo para o amor: admiração.
Obrigada por me pertencerem um pouquinho, e me deixar pertencer à vocês.
Me encontrar em vocês, é também me encontrar em mim.
Outras nem tanto
Que fizeram tanta parte de quem eu sou, que hoje vejo até certa beleza nisso
Mas o mais importante é que aprendi a olhar com maior profundidade para o próximo
Nossa batalha diária não é tão única quando a gente deixa de olhar pra si e repara um pouco mais no mundo à nossa volta
Eu não sou o centro do universo
E nem você
E ta tudo bem!
Nossas rotas podem se encontrar vez ou outra
Encontrar identificação no outro e empatia, tão raro e tão preciso e precioso
Estamos carentes
Carentes de sermos humanos
De sermos nós mesmos
Conheci pessoas tão incríveis e singulares
Cada uma com seu pequeno universo particular, tão bonito e profundo
Com as quais eu pude ser eu, de todas as formas e falhas que isso possa vir a ser
Todas tão especiais, tão bonitas que eu nem sei
O mundo tá cheio delas, acho que a gente não olha direito
A gente não se permite muito ser tocado
Quem dirá tocar o outro
É mais fácil olhar a imagem
E partir do principio dela
Julgar um livro pela capa
Quantas e quantas vezes a gente não fez isso ?
Quantas vezes não olhamos para o outro cheios de preconceitos e limites
Quantas vezes não fizemos isso com nós mesmos?
Que mania tola essa nossa de querer nos encaixar em algo que não nos pertence!
Por que aparar todas as nossas arestas e nos colocar em um cubo perfeito,
Quando o que nos difere e nos deixa tão bonitos é o que a gente tem de diferente?
Tempo é relativo, e encontrar lugares e pessoas onde a gente sente que pertence é tão mágico quanto cada uma dessas pessoas que conheci
E não importa se elas vão embora amanhã, ou se ela ficarão para sempre
Importa o quanto elas já me deram e o quanto eu gostaria de poder retribuir
Importa o amor que a gente sente, às vezes em um pequeno momento
E outras vezes em todos, repetidamente, incessantemente e incansavelmente
Tantas pessoas admiráveis
E esse é o primeiro passo para o amor: admiração.
Obrigada por me pertencerem um pouquinho, e me deixar pertencer à vocês.
Me encontrar em vocês, é também me encontrar em mim.
setembro 08, 2016
O ATO DEPOIS DO ÚLTIMO: Sobre ver, enxergar e se deixar ser visto
É difícil de deixar ser visto
Entenda
Todos temos segredos que gostamos de manter assim
Sob sete chaves
Em um calabouço escuro
No átrio de nosso coração
Deixar ser visto, mesmo que sem querer
Nos torna vulneráveis
e vulnerabilidade da raiva
Vulnerabilidade é o primeiro passo para machucar-se
Pois baixam-se todas as armas
E abre-se o peito
Pronto para ser flechado
E após flechado o peito se fecha em um grande processo de cura
Mas a cicatriz permanece
E sangra
Embora um raio não caia duas vezes no mesmo lugar
A flecha cai.
Entenda
Todos temos segredos que gostamos de manter assim
Sob sete chaves
Em um calabouço escuro
No átrio de nosso coração
Deixar ser visto, mesmo que sem querer
Nos torna vulneráveis
e vulnerabilidade da raiva
Vulnerabilidade é o primeiro passo para machucar-se
Pois baixam-se todas as armas
E abre-se o peito
Pronto para ser flechado
E após flechado o peito se fecha em um grande processo de cura
Mas a cicatriz permanece
E sangra
Embora um raio não caia duas vezes no mesmo lugar
A flecha cai.
ÚLTIMO ATO: Sobre desmoranamentos, sinceridade e querer
Se desfaz, tudo se desfaz
Entenda
Uma vez compreendido o que veio
E porque se sentir assim
Tudo se esvai em um sopro
Toda e qualquer reflexão a respeito se faz nula
Uma vez que não faz mais sentido
Cai por terra
O muro
A casa
O mundo
Esse é meu jeito de ser sincera e explicar aquilo que nem sei
Com letras, não números
Não há alma mais desnuda que a minha aqui e agora
Em todo e qualquer texto e verso
Essa sou eu em toda a minha complexidade
Cai por terra qualquer teoria
Desmorona
Apenas por querer que seja assim
E começo de novo
Mais uma vez
Sem ser predador ou presa
Caça ou caçador
Apenas eu
Nua e vestida de sol
Vestida de som
Vestida de mim
Entenda
Uma vez compreendido o que veio
E porque se sentir assim
Tudo se esvai em um sopro
Toda e qualquer reflexão a respeito se faz nula
Uma vez que não faz mais sentido
Cai por terra
O muro
A casa
O mundo
Esse é meu jeito de ser sincera e explicar aquilo que nem sei
Com letras, não números
Não há alma mais desnuda que a minha aqui e agora
Em todo e qualquer texto e verso
Essa sou eu em toda a minha complexidade
Cai por terra qualquer teoria
Desmorona
Apenas por querer que seja assim
E começo de novo
Mais uma vez
Sem ser predador ou presa
Caça ou caçador
Apenas eu
Nua e vestida de sol
Vestida de som
Vestida de mim
ATO 2: Sobre a prepotência, insegurança e medo
Auto afirmação é a melhor e mais comum arma contra a insegurança
Entenda
Sentir-se inseguro e não obstante
Não o bastante
Vira qualquer um de cabeça pra baixo
O medo
Palavra curta
Com grande significado
Traz consigo todas as falhas para nós tão importantes
Medo dá medo
Só pelo ato de tê-lo
Ou não tê-lo
Por isso a prepotência e arrogância
Aquela que protege e lembra a gente que talvez a gente seja um pouquinho bom
Por mais que a gente não acredite nisso
Eu não acredito
Seja tubarão ou sardinha
Cada um tem seu papel na cadeia alimentar
No fim
Somos todos comida de peixe
Entenda
Sentir-se inseguro e não obstante
Não o bastante
Vira qualquer um de cabeça pra baixo
O medo
Palavra curta
Com grande significado
Traz consigo todas as falhas para nós tão importantes
Medo dá medo
Só pelo ato de tê-lo
Ou não tê-lo
Por isso a prepotência e arrogância
Aquela que protege e lembra a gente que talvez a gente seja um pouquinho bom
Por mais que a gente não acredite nisso
Eu não acredito
Seja tubarão ou sardinha
Cada um tem seu papel na cadeia alimentar
No fim
Somos todos comida de peixe
ATO 1: Sobre cadeia alimentar, rabo preso e caça
Vivo uma vida livre dentro de tudo que me é possível
Entenda
Não começo nada sem terminar o que veio antes
O que veio antes precisa tornar-se passado pra que eu possa começar qualquer outra coisa
Seja um livro
Um prato de comida
Ou um amor
Acontece que isso não é meu comportamento natural
Sempre tendi a deixar coisas sem fim
Palavras não ditas
Comida no prato
Costumava ter medo de finais
Natural de quem começa tanto, tantas vezes
Um dia da caça e outro do caçador
Descobri que no dia seguinte talvez não pudesse dizer nada
Talvez não tivesse comida
Talvez alguém não estivesse lá pra ouvir, ou não quisesse
Até o mais cruel dos predadores tem seu momento de fraqueza
É vulnerável
Suscetível à outra coisa
Encantar ou esconder é o que resta a presa
Mas muito embora eu tenha a tendência de colocar reticências em tudo
Eu nunca tive a necessidade de voltar pra nenhuma história
Ou ela continua, ou ela termina
Não me mantenho com o rabo preso na rede de nenhum pescador que esqueceu de puxar sua pesca
Sou peixe grande
Ou como diria meu querido pai
Tenho olhos de tubarão
E sabe como se pesca um tubarão?
Ou se quer muito
Ou passa a vida se alimentando de sardinha
Entenda
Não começo nada sem terminar o que veio antes
O que veio antes precisa tornar-se passado pra que eu possa começar qualquer outra coisa
Seja um livro
Um prato de comida
Ou um amor
Acontece que isso não é meu comportamento natural
Sempre tendi a deixar coisas sem fim
Palavras não ditas
Comida no prato
Costumava ter medo de finais
Natural de quem começa tanto, tantas vezes
Um dia da caça e outro do caçador
Descobri que no dia seguinte talvez não pudesse dizer nada
Talvez não tivesse comida
Talvez alguém não estivesse lá pra ouvir, ou não quisesse
Até o mais cruel dos predadores tem seu momento de fraqueza
É vulnerável
Suscetível à outra coisa
Encantar ou esconder é o que resta a presa
Mas muito embora eu tenha a tendência de colocar reticências em tudo
Eu nunca tive a necessidade de voltar pra nenhuma história
Ou ela continua, ou ela termina
Não me mantenho com o rabo preso na rede de nenhum pescador que esqueceu de puxar sua pesca
Sou peixe grande
Ou como diria meu querido pai
Tenho olhos de tubarão
E sabe como se pesca um tubarão?
Ou se quer muito
Ou passa a vida se alimentando de sardinha
setembro 05, 2016
Sempre chegam as manhãs
Sempre fui uma criatura notívaga
Pense
A noite tem seus mistérios e é quase mágica
E isso sempre me encantou
Embora depois, um pouco mais velha
Morfeu tenha me acariciado com algumas noites de sono
Ainda sinto falta da madrugada vez ou outra
Mas sempre chegam as manhãs
Sejam elas de segundas ou sextas
Ensolaradas ou mofadas e sem cor
A realidade sempre nos assola com um soco na cara
As manhãs sempre chegam
e com elas todos os problemas
E cada canto escuro e bonito
Se torna um aglomerado de formas sob a luz do dia
Por isso sempre preferi a noite
Pois nela, todo gato é pardo
Não há diferença ou rancor
Inimigos amam-se em segredo
Isso é a noite
Segredo e liberdade
Sem medo ou pudor
Mas manhãs sempre chegam
Trocam-se whiskys por cafés
Corpos nus por camisas
E mordidas por sorrisos amarelos
Sempre chegam as manhãs
E com elas, a realidade.
Pense
A noite tem seus mistérios e é quase mágica
E isso sempre me encantou
Embora depois, um pouco mais velha
Morfeu tenha me acariciado com algumas noites de sono
Ainda sinto falta da madrugada vez ou outra
Mas sempre chegam as manhãs
Sejam elas de segundas ou sextas
Ensolaradas ou mofadas e sem cor
A realidade sempre nos assola com um soco na cara
As manhãs sempre chegam
e com elas todos os problemas
E cada canto escuro e bonito
Se torna um aglomerado de formas sob a luz do dia
Por isso sempre preferi a noite
Pois nela, todo gato é pardo
Não há diferença ou rancor
Inimigos amam-se em segredo
Isso é a noite
Segredo e liberdade
Sem medo ou pudor
Mas manhãs sempre chegam
Trocam-se whiskys por cafés
Corpos nus por camisas
E mordidas por sorrisos amarelos
Sempre chegam as manhãs
E com elas, a realidade.
setembro 02, 2016
Sobre quebra-cabeças, queijo ralado, periferias e relacionamentos
Ainda hoje de manhã me disseram
"E não deixa de lembrar que amar-se é essencial, e não egoísmo"
(Sim, eu vou parafraseá-lo durante o texto inteiro)
Eu não entendi o porque do comentário
E como não sou mulher de dúvidas eu perguntei: O que isso quer dizer?
Entre a conversa sobre centros e periferias e o que era ou não era importante
A metáfora utilizada foi um quebra cabeças
Você ser a peça central e tudo que gira em torno de você é mutável e te completa.
Logo eu cheia de razão disse "Completa não, complementa"
A questão é que pra você ser uma peça você já está moldado, e o que te encaixa também, eu não gosto dessa ideia.
O mais engraçado é que meu discurso para duas ou mais pessoas durante essa semana foi
PARE de se buscar nos outros, você não precisa se buscar em ninguém.
Se possua e seja dono de si
Dono do seu saber, sabor e o que mais for
E me doeu dizer isso, mas a gente não dá o que não tem
E então disse que eu acho que relações são como queijo ralado
A gente gosta, e algumas vezes prefere com
Mas a comida não fica menos interessante porque não tem
É um complemento
Mas como dizia minha mãe: Barriga cheia, goiaba tem bicho.
Uma frase me estapeou a cara pela manhã, e eu realmente considerei desenvolver um pensamento, um texto, um verso ou qualquer coisa que o valha
Ainda assim eu a deixo aqui para reflexão ou memória póstuma
" No xadrez do amor, eu não sou a rainha, eu sou o rei"
Acontece que ser rei é correr o risco de tomar um xeque a cada jogada
Até o xeque-mate, o grand-finale.
Eu realmente acredito em amor da vida, e que por ai em algum lugar algum tonto talvez esteja pensando que um dia ele possa encontrar alguém que talvez se pareça comigo
Ou talvez ele esteja só tomando cerveja e nunca tenha pensado nisso
Ou talvez ele não tenha nascido ou morreu em um acidente de carro no ano passado
Ou talvez ele lembre de mim enquanto fuma o último cigarro do dia
Eu não sei
Mas gosto de acreditar que aí fora tem alguém pra ser meu queijo ralado
Essa é a complexidade de toda e qualquer relação, sendo ela romântica ou não
O mais bonito é você QUERER estar com alguém, porque aquilo te faz melhor
Ou te obriga a melhorar
Mas você não precisa melhorar, e não precisa de alguém pra isso
E a recíproca tem que ser verdadeira.
É sempre melhor dividir a caminhada e eu concordo
Mas antes de começar a dividi-la é importante saber que você pode caminhar sozinho
E caminhar sozinho é amar-se
E amar-se é também amar aquilo que te incomoda
Sua felicidade é de única e exclusiva responsabilidade tua
Ela tem que ser e precisa ser somente tua
Pelo simples fato de que você não tem o direito de jogar isso no colo do outro
Mesmo assim compartilha-la também é preciso
Não confunda, conhecer a sua responsabilidade para consigo com
" Vou erguer um muro aqui, e ninguém entra"
Felicidade também é sofrer e permitir ser machucado
Dor é bom
Eu gosto de ser uma coisa boa
Seja por um dia, um mês, um ano ou uma vida
Sendo dolorosa ou não
Eu gosto de tocar a vida de outra pessoa
De verdade
E sei que isso tem relevância, e sei o quanto isso pode significar
Mas isso não significa que eu seja responsável por como você se sente
Cada um dá o que tem no coração e cada um recebe com o coração que tem
Eu fico feliz de você participar da minha bagunça.
E sobre a dedicatória: até mais tarde.
"E não deixa de lembrar que amar-se é essencial, e não egoísmo"
(Sim, eu vou parafraseá-lo durante o texto inteiro)
Eu não entendi o porque do comentário
E como não sou mulher de dúvidas eu perguntei: O que isso quer dizer?
Entre a conversa sobre centros e periferias e o que era ou não era importante
A metáfora utilizada foi um quebra cabeças
Você ser a peça central e tudo que gira em torno de você é mutável e te completa.
Logo eu cheia de razão disse "Completa não, complementa"
A questão é que pra você ser uma peça você já está moldado, e o que te encaixa também, eu não gosto dessa ideia.
O mais engraçado é que meu discurso para duas ou mais pessoas durante essa semana foi
PARE de se buscar nos outros, você não precisa se buscar em ninguém.
Se possua e seja dono de si
Dono do seu saber, sabor e o que mais for
E me doeu dizer isso, mas a gente não dá o que não tem
E então disse que eu acho que relações são como queijo ralado
A gente gosta, e algumas vezes prefere com
Mas a comida não fica menos interessante porque não tem
É um complemento
Mas como dizia minha mãe: Barriga cheia, goiaba tem bicho.
Uma frase me estapeou a cara pela manhã, e eu realmente considerei desenvolver um pensamento, um texto, um verso ou qualquer coisa que o valha
Ainda assim eu a deixo aqui para reflexão ou memória póstuma
" No xadrez do amor, eu não sou a rainha, eu sou o rei"
Acontece que ser rei é correr o risco de tomar um xeque a cada jogada
Até o xeque-mate, o grand-finale.
Eu realmente acredito em amor da vida, e que por ai em algum lugar algum tonto talvez esteja pensando que um dia ele possa encontrar alguém que talvez se pareça comigo
Ou talvez ele esteja só tomando cerveja e nunca tenha pensado nisso
Ou talvez ele não tenha nascido ou morreu em um acidente de carro no ano passado
Ou talvez ele lembre de mim enquanto fuma o último cigarro do dia
Eu não sei
Mas gosto de acreditar que aí fora tem alguém pra ser meu queijo ralado
Essa é a complexidade de toda e qualquer relação, sendo ela romântica ou não
O mais bonito é você QUERER estar com alguém, porque aquilo te faz melhor
Ou te obriga a melhorar
Mas você não precisa melhorar, e não precisa de alguém pra isso
E a recíproca tem que ser verdadeira.
É sempre melhor dividir a caminhada e eu concordo
Mas antes de começar a dividi-la é importante saber que você pode caminhar sozinho
E caminhar sozinho é amar-se
E amar-se é também amar aquilo que te incomoda
Sua felicidade é de única e exclusiva responsabilidade tua
Ela tem que ser e precisa ser somente tua
Pelo simples fato de que você não tem o direito de jogar isso no colo do outro
Mesmo assim compartilha-la também é preciso
Não confunda, conhecer a sua responsabilidade para consigo com
" Vou erguer um muro aqui, e ninguém entra"
Felicidade também é sofrer e permitir ser machucado
Dor é bom
Eu gosto de ser uma coisa boa
Seja por um dia, um mês, um ano ou uma vida
Sendo dolorosa ou não
Eu gosto de tocar a vida de outra pessoa
De verdade
E sei que isso tem relevância, e sei o quanto isso pode significar
Mas isso não significa que eu seja responsável por como você se sente
Cada um dá o que tem no coração e cada um recebe com o coração que tem
Eu fico feliz de você participar da minha bagunça.
E sobre a dedicatória: até mais tarde.
setembro 01, 2016
O que falta em ti
Continua atribuindo-me
A outras e outros
Corpos ou não
Possivelmente eu estraguei meia dúzia de músicas pra você
Continua buscando minha voz
Muitas vezes não tão doce ou afinada
Em meio à multidão silenciosa do seu sentir
Procura meu olhar vagando pela janela
Você não o encontrará mais
De mim fica a lembrança
Em cada canto
Em cada choro e riso e desespero
Em cada disco que nunca tocou
Enquanto dançávamos na sala
Em cada domingo chuvoso que nunca existiu
Em cada detalhe esquecido
Continua buscando
Você jamais me encontrará
Pois o que falta em ti não sou eu
É você.
Sobre mim.
Os dedos tamborilam no teclado
Nada sai
A cabeça está a mil, numa tormenta louca onde os pensamentos não se organizam
Tento organiza-los aqui
Escrever nada mais é do que olho do furação de quem sou
O lugar seguro onde tudo emudece e eu consigo me olhar
De dentro, para dentro.
Eu sou o que sou
E isso é muito mais complexo do que parece
Uma vez me disseram que eu parecia uma bomba-relógio nos últimos segundos
Prestes a estourar
Eu tinha dezessete anos, e dez anos depois, o relógio continua contando
Ninguém nunca soube qual fio cortar
A verdade é que não me escondo, mas não me mostro inteira
Não precisa
Profundidade assusta e poucas criaturas vivem lá
Só olhar o mar
Gosto da comparação com o mar
Prepotência minha ou não
Ninguém me conhece melhor que eu
E eu conheço minha imensidão
Não disse que ela é bonita, longe disso
Não estou me poetizando
Romanceando qualquer característica de mim
Como toda imensidão, existem lugares em mim onde a luz não toca
Eu sou uma completa bagunça
Só que eu não ligo
Eu não ligo de ser bagunçada
Eu sou o que sou
E isso é muito mais simples do que parece
Eu não vou fingir
Eu não vou mentir
Muito embora eu tenha uma incrível capacidade de persuasão
Ela só funciona quando eu acredito no que estou dizendo
Eu sou o que sou
E isso é muito mais do que querem que eu seja
Outra vez me disseram que eu vivia em "anos de cachorro"
Um pra oito
Faz sentido também
Não sei fazer as coisas pela metade
Não conheço o meio termo, a politicagem, a diplomacia
Eu sou o que sou
E isso é muito mais intenso do que parece
E por mais que eu viva recolhendo cacos e me remontando
Eu não escondo minhas marcas
Elas tem sua beleza também
Eu sou o que sou
E me tornar assim foi muito mais doloroso do que parece
Você pode conhecer meus hábitos
E minhas bebidas preferidas
Minhas crenças
E toda e qualquer outra coisa que me pertença
Eu sou o que sou
E o que eu faço não é minha essência
Nada sai
A cabeça está a mil, numa tormenta louca onde os pensamentos não se organizam
Tento organiza-los aqui
Escrever nada mais é do que olho do furação de quem sou
O lugar seguro onde tudo emudece e eu consigo me olhar
De dentro, para dentro.
Eu sou o que sou
E isso é muito mais complexo do que parece
Uma vez me disseram que eu parecia uma bomba-relógio nos últimos segundos
Prestes a estourar
Eu tinha dezessete anos, e dez anos depois, o relógio continua contando
Ninguém nunca soube qual fio cortar
A verdade é que não me escondo, mas não me mostro inteira
Não precisa
Profundidade assusta e poucas criaturas vivem lá
Só olhar o mar
Gosto da comparação com o mar
Prepotência minha ou não
Ninguém me conhece melhor que eu
E eu conheço minha imensidão
Não disse que ela é bonita, longe disso
Não estou me poetizando
Romanceando qualquer característica de mim
Como toda imensidão, existem lugares em mim onde a luz não toca
Eu sou uma completa bagunça
Só que eu não ligo
Eu não ligo de ser bagunçada
Eu sou o que sou
E isso é muito mais simples do que parece
Eu não vou fingir
Eu não vou mentir
Muito embora eu tenha uma incrível capacidade de persuasão
Ela só funciona quando eu acredito no que estou dizendo
Eu sou o que sou
E isso é muito mais do que querem que eu seja
Outra vez me disseram que eu vivia em "anos de cachorro"
Um pra oito
Faz sentido também
Não sei fazer as coisas pela metade
Não conheço o meio termo, a politicagem, a diplomacia
Eu sou o que sou
E isso é muito mais intenso do que parece
E por mais que eu viva recolhendo cacos e me remontando
Eu não escondo minhas marcas
Elas tem sua beleza também
Eu sou o que sou
E me tornar assim foi muito mais doloroso do que parece
Você pode conhecer meus hábitos
E minhas bebidas preferidas
Minhas crenças
E toda e qualquer outra coisa que me pertença
Eu sou o que sou
E o que eu faço não é minha essência
agosto 29, 2016
Até diria que é boa
Eu esperava que passasse
Esperava que melhorasse
Ainda espero
Que algo aconteça
Ou que nada aconteça
Espero que o telefone toque
ou de vez, emudeça
Espero um sinal
Sinal divino
Ou de gente
Mas como já disse
E volto a dizer
Se a saudade não insistisse em doer
Eu seria até capaz de dizer que ela é boa
Mas não sou
Mas não é
Esperava que melhorasse
Ainda espero
Que algo aconteça
Ou que nada aconteça
Espero que o telefone toque
ou de vez, emudeça
Espero um sinal
Sinal divino
Ou de gente
Mas como já disse
E volto a dizer
Se a saudade não insistisse em doer
Eu seria até capaz de dizer que ela é boa
Mas não sou
Mas não é
agosto 26, 2016
Carta ao (meu) amor
Ao meu grande amor,
Não se demore
Paciência não me foi ensinada
Ou ensaiada
Mas também não tenha pressa
Conheço alguns mistérios do tempo
Respeito os caprichos do destino
Não venha ao meio
Não me contento com pouco
E metade não me preenche
Não escolha tanto as palavras
Não fique mudo
Mas às vezes cale
Para que seus olhos falem mais alto
Não se faça ausente
Mas me permita que sinta sua falta
Sem rancor
Apenas com o gosto agridoce de saudade
Mergulhe em mim
Que em toda minha imensidão
Não falta (a)mar
E nem faltará
Não se demore
Paciência não me foi ensinada
Ou ensaiada
Mas também não tenha pressa
Conheço alguns mistérios do tempo
Respeito os caprichos do destino
Não venha ao meio
Não me contento com pouco
E metade não me preenche
Não escolha tanto as palavras
Não fique mudo
Mas às vezes cale
Para que seus olhos falem mais alto
Não se faça ausente
Mas me permita que sinta sua falta
Sem rancor
Apenas com o gosto agridoce de saudade
Mergulhe em mim
Que em toda minha imensidão
Não falta (a)mar
E nem faltará
agosto 25, 2016
Inesgotável
Sinto-me uma fonte inesgotável de palavras
Vomito sentimentos através das pontas dos dedos
Como uma malabarista balança em cima da corda na ponta dos pés
Sempre tomando cuidado para não cair
Não quero mergulhar em letras
Ou talvez não queira mergulhar em sentimentos, não agora.
Tênue linha para não enlouquecer com as mesquinharias do meu coração
Na verdade é bastante complicado ter certeza de tudo e não ter certeza de nada.
Ainda ontem eu ouvi o quanto estava tudo uma bagunça comigo, e como eu suportava aquilo de forma tão leve
Leve?
Citaram resiliência e inclusive sugeriram que seria uma boa palavra pra mim.
Talvez seja, talvez não.
Ainda não sei e não preciso saber.
Esse não é mais um poema quase bem construído.
Não tem rimas ou métrica ou metáforas para quaisquer que sejam minha intenções.
Ele começou como um, mas como sempre eu me dou ao direito de mudar de ideia no meio do caminho.
Seja qual caminho for.
Eu não tenho casa, literalmente.
E isso não me preocupou por um milésimo de segundo.
Eu não tenho amor, não literalmente.
E isso me tira o sono, a fome e todo o resto
Durante o dia inteiro
Todos os dias
Da última semana.
São sete dias de martírio e marasmo
De culpa e dúvida
Pelo simples fato de que tive certeza,
Em um pequeno e especial momento
Coisa que há muito eu não tinha.
Pode ser uma compensação imbecil
Pode ser uma válvula de escape
Pode ser...
Mas dói.
E dor é bom.
Não, eu não sou masoquista ou sádica (talvez um pouco da segunda opção mas deixa pra uma próxima oportunidade.)
Mas dor lembra a gente que a gente está vivo, dor lembra a gente que ainda é possível sentir algo
Ainda que seja dor.
Em sete dias eu experimentei tantas emoções, que talvez algumas delas não tenham nome ainda.
Em sete dias eu vivi um mês e um ano.
Em sete dias eu vivi uma vida, porque vivi um amor.
E ao sétimo dia meu coração descansa
Feliz
e em paz.
Sei lá, a vida tem desses mistérios.
Vomito sentimentos através das pontas dos dedos
Como uma malabarista balança em cima da corda na ponta dos pés
Sempre tomando cuidado para não cair
Não quero mergulhar em letras
Ou talvez não queira mergulhar em sentimentos, não agora.
Tênue linha para não enlouquecer com as mesquinharias do meu coração
Na verdade é bastante complicado ter certeza de tudo e não ter certeza de nada.
Ainda ontem eu ouvi o quanto estava tudo uma bagunça comigo, e como eu suportava aquilo de forma tão leve
Leve?
Citaram resiliência e inclusive sugeriram que seria uma boa palavra pra mim.
Talvez seja, talvez não.
Ainda não sei e não preciso saber.
Esse não é mais um poema quase bem construído.
Não tem rimas ou métrica ou metáforas para quaisquer que sejam minha intenções.
Ele começou como um, mas como sempre eu me dou ao direito de mudar de ideia no meio do caminho.
Seja qual caminho for.
Eu não tenho casa, literalmente.
E isso não me preocupou por um milésimo de segundo.
Eu não tenho amor, não literalmente.
E isso me tira o sono, a fome e todo o resto
Durante o dia inteiro
Todos os dias
Da última semana.
São sete dias de martírio e marasmo
De culpa e dúvida
Pelo simples fato de que tive certeza,
Em um pequeno e especial momento
Coisa que há muito eu não tinha.
Pode ser uma compensação imbecil
Pode ser uma válvula de escape
Pode ser...
Mas dói.
E dor é bom.
Não, eu não sou masoquista ou sádica (talvez um pouco da segunda opção mas deixa pra uma próxima oportunidade.)
Mas dor lembra a gente que a gente está vivo, dor lembra a gente que ainda é possível sentir algo
Ainda que seja dor.
Em sete dias eu experimentei tantas emoções, que talvez algumas delas não tenham nome ainda.
Em sete dias eu vivi um mês e um ano.
Em sete dias eu vivi uma vida, porque vivi um amor.
E ao sétimo dia meu coração descansa
Feliz
e em paz.
Sei lá, a vida tem desses mistérios.
agosto 24, 2016
Mal incurável
O que foi jamais será diferente
O amor de outrora
Já não se faz latente
Mente
Não bombeia sangue
Não me mantém viva
Sangue preciso
Precioso
Dança sob minha pele
Uma dança cigana
Entre véus de músculos
Atrofiados
Semi-mortos
Amorfos
Sem ar
Ar que respiro
Que preenche meus pulmões
Por que já não és mais oxigênio?
Por que te tornaste tóxico
aos meus pobres brônquios?
Brônquios que já sofrem
De um mal incurável.
Ó incurável coração
Por que não te contentaste com pouco?
Sobrou-te nada
E ainda assim sente-se mais feliz
Por asfixiar-se em saudade
O amor de outrora
Já não se faz latente
Mente
Não bombeia sangue
Não me mantém viva
Sangue preciso
Precioso
Dança sob minha pele
Uma dança cigana
Entre véus de músculos
Atrofiados
Semi-mortos
Amorfos
Sem ar
Ar que respiro
Que preenche meus pulmões
Por que já não és mais oxigênio?
Por que te tornaste tóxico
aos meus pobres brônquios?
Brônquios que já sofrem
De um mal incurável.
Ó incurável coração
Por que não te contentaste com pouco?
Sobrou-te nada
E ainda assim sente-se mais feliz
Por asfixiar-se em saudade
agosto 19, 2016
Descoberta
Busca.
Podes buscar
Em toda ciência
Em toda filosofia
Na alquimia e química
Toda física ilógica
Sem lei
Esquece a filosofia
A arqueologia mitológica
Mágica
Irreal
Esquece Newton
Esquece Freud
Esquece Foucault
Decifra-me ou devoro-te?
Não
Decifro-te e devoro-te!
Com toda biologia quântica
Nuclear
Esquece a ciência
Esquece a medicina
Não há penicilina que te diminua a dor
Nem floral
Nem homeopatia
Nem alcool
Nem apatia
Esquece a astrologia
Esquece a dança
Esquece a música
Esqueça-se em mim
Não se esqueça de mim.
Podes buscar
Em toda ciência
Em toda filosofia
Na alquimia e química
Toda física ilógica
Sem lei
Esquece a filosofia
A arqueologia mitológica
Mágica
Irreal
Esquece Newton
Esquece Freud
Esquece Foucault
Decifra-me ou devoro-te?
Não
Decifro-te e devoro-te!
Com toda biologia quântica
Nuclear
Esquece a ciência
Esquece a medicina
Não há penicilina que te diminua a dor
Nem floral
Nem homeopatia
Nem alcool
Nem apatia
Esquece a astrologia
Esquece a dança
Esquece a música
Esqueça-se em mim
Não se esqueça de mim.
fevereiro 26, 2016
Queria
Queria ver o céu refletindo
as estrelas de suas costas
E minha mão lhe acariciando a nuca
Desenhando a Ursa
Queria afogar-me um pouquinho
Nas ondas de seu cabelo
Embriagar-me com seu cheiro
Sem medo da ressaca
Ah Morena
Quanto te quis que doeu
As lembranças de ti, tão poucas
Me roubam um sorriso de meia boca
E logo torno a sentir dor
Porque assim
Cheia de anseio e desejo, Morena
Por que a pressa?
Por que tão pouco?
O relógio não para
Nem minha morena
Ela esta sempre atrasada
Girando no mesmo lugar
Minha morena vai embora
E ela parece não querer voltar
E como eu queria
Não querê-la mais
as estrelas de suas costas
E minha mão lhe acariciando a nuca
Desenhando a Ursa
Queria afogar-me um pouquinho
Nas ondas de seu cabelo
Embriagar-me com seu cheiro
Sem medo da ressaca
Ah Morena
Quanto te quis que doeu
As lembranças de ti, tão poucas
Me roubam um sorriso de meia boca
E logo torno a sentir dor
Porque assim
Cheia de anseio e desejo, Morena
Por que a pressa?
Por que tão pouco?
O relógio não para
Nem minha morena
Ela esta sempre atrasada
Girando no mesmo lugar
Minha morena vai embora
E ela parece não querer voltar
E como eu queria
Não querê-la mais
Assinar:
Postagens (Atom)