setembro 08, 2016

ATO 1: Sobre cadeia alimentar, rabo preso e caça

Vivo uma vida livre dentro de tudo que me é possível

Entenda

Não começo nada sem terminar o que veio antes
O que veio antes precisa tornar-se passado pra que eu possa começar qualquer outra coisa
Seja um livro
Um prato de comida
Ou um amor

Acontece que isso não é meu comportamento natural
Sempre tendi a deixar coisas sem fim
Palavras não ditas
Comida no prato

Costumava ter medo de finais
Natural de quem começa tanto, tantas vezes

Um dia da caça e outro do caçador

Descobri que no dia seguinte talvez não pudesse dizer nada
Talvez não tivesse comida
Talvez alguém não estivesse lá pra ouvir, ou não quisesse

Até o mais cruel dos predadores tem seu momento de fraqueza
É vulnerável
Suscetível à outra coisa
Encantar ou esconder é o que resta a presa

Mas muito embora eu tenha a tendência de colocar reticências em tudo
Eu nunca tive a necessidade de voltar pra nenhuma história
Ou ela continua, ou ela termina

Não me mantenho com o rabo preso na rede de nenhum pescador que esqueceu de puxar sua pesca
Sou peixe grande
Ou como diria meu querido pai
Tenho olhos de tubarão

E sabe como se pesca um tubarão?
Ou se quer muito
Ou passa a vida se alimentando de sardinha


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