novembro 04, 2013

O lado negro

Minha tristeza não se precipita em tormenta e revolta, não troveja e relampeia.
Ela não se precipita.
Eu não choro.
Ainda que minha maior vontade em inúmeras vezes seja desabar em lagrimas, encher rios doces de aguas salgadas e pútridas do meu sofrimento e desespero, eu não choro.
Morram meus sonhos, e meus dias, meus amores... Eu não choro, mais.
Minha nuvem negra fica cada vez mais negra, e mais densa, e mais pesada.
E eu cada vez mais cética e apática.
Na minha cabeça uma bigorna, de palavras não ditas e não ouvidas.
Qual é a ânsia e o prazer em me machucar? Eu vos pergunto, torturadores meus...
Não, não sou mártir...
Sou apenas uma criança assustada que caiu do balanço, e defende-se como pode
Mas não chora.
Eu sou a outra face do medo, o outro lado da moeda, o lado negro.
Pintei o que havia de podre e imundo, e vendi como uma caixa de experiências que me trouxeram engrandecimento e amadurecimento.
Me tornei cinza, sem tonalidades.
Apenas aquela coisa chata e maçante, que chove e não molha, que não acredita e não duvida.
Me tornei o meio termo de tudo que odeio.
Sem posicionamento, sem garra, sem ferver nem gelar.
Aprendi a não tomar partido, nem o meu próprio.
E vos pergunto novamente torturadores, qual é a ânsia e o prazer em me mudar?
Não, não sou nenhuma coitada largada em qualquer guia onde chove frio... e nem preciso ser, pois aqui dentro neva.
Aqui dentro, névoa.
Parem de me bater, eu não vou reagir, eu não vou responder, eu não vou me importar.
O gelo interno é de uma camada densa na qual nem eu me encontro mais.
É anestésico e imune, é relaxante e desesperador.
É inalcançável.



setembro 21, 2013

MINHAS MORTES IMAGINÁRIAS - Série

As emoções me tomavam por completo, e o pobre Carlos tentando me defender... Pobre Carlos.
Você realmente está louco meu querido.
E então a facada final
"Mate-a"
E então todo o fervor de ódio transformou-se em um mar de lagrimas.
Matar-me? Você esta considerando essa idéia? É isso que estou vendo?
Voce esta aceitando conselhos de um advogado de quinta, bêbado e canalha?
Eu não acredito nisso.
Minha amarguês veio a tona como um refrigerante que espuma em ira depois de balançado no caminho pra casa.
E da mesma forma borbulhei todo o caminho de volta, apenas vendo os pensamentos sórdidos e baixos.
Ele realmente vai me matar.

Chegamos em casa, e ele começou a beber pra me ver.
Pois bem, beba. Seque todas as garrafas.
Cada gole que ele dava, eu ficava mais tonta.
A bebida acabou, pensei na erva na gaveta...
E batata, ele lembrou e foi buscar...
Enrolou sua cigarrilha e fumou, eu odiava quando ele fumava, me deixava ainda mais tonta, e sem muito poder sobre mim.
Me controlei o quanto pude pois sabia da sua sonolência, com sorte ele dormiria e esqueceria esse absurdo de matar-me.

Foi esse pensamento me ocorrer, e ele levantou em um pulo, e correu para adquirir uma garrafa de vodka.
Analisei a idéia de aparecer ali mesmo e impedir essa loucura, mas sabia que minha vida estava em risco, preferi manter-me ausente enquanto ele quase colocava pra fora um copo de chopp e tudo mais que havia em seu estômago pela sala.
Não agüentei, apareci.
Não tive muitas opções, estava alcoolizada de tanto que ele bebeu, e desse jeito acabaríamos mortos, os dois.
Inventei uma desculpa qualquer que estava bebendo com amigos...
Tentei parecer despreocupada, despreocupada demais.
Eu sabia quais eram as intenções, vi aquela almofada vindo em direção ao meu rosto, rosto que ele imaginou com tanto esmero, e desesperei-me...
Me debatia e tentava gritar, mas me faltava força, e a almofada abafava meus gritos.
Então me lembrei que não precisava de ar...


Quer saber o outro lado da história? O ASSASSINATO DE BÁRBARA


setembro 10, 2013

De todos, o último

Insulta-me o quanto queres, pouco me importa
Insulta-me no talento e na forma de ser.
Impossivel perder-me para mim, você nunca me teve.
Você nunca foi opção, pois quando pudera tornar-se tal, optou por outros caminhos, e foi melhor, na pior das hipóteses, na pior das opções.
Entenda-me,ou não, eu não me importo.
Eu nunca me importei, e nunca vou me importar.
Vire-se em seus personagens, compare-me com quaisquer que sejam.
Eu sou real.
Quanto mais cruel melhor, e eu sou um poço de crueldade.
Engana-se ao dizer que sou alto piedosa, engana-se redondamente.
A crueldade que uso para com os outros é triplicada quando se trata de mim.
Um dedo apontado, três apontando de volta e essa é uma das regras que regem minha vida.
Continue fantasiando lamber-me de cima abaixo, ou de cabo a rabo, como queiras.
Não gosto de lambidas e chupadas, e odeio meus pés.
Continue imaginando a varanda, o apartamento antigo, a camiseta e o cigarro, a cadeira e o livro.
Tome minhas fantasias pra si, tome o que quiseres.
Tome veneno.
Essa é a minha intenção para ti.
Veneno.
Veneno do teu próprio ego, veneno da tua própria dificuldade para consigo.
Veneno da derrota.
Foste derrotado por uma garorinha cheia de melindres e auto-piedosa, como tu mesmo me descreves, pois que assim seja, engrandece ainda mais tua perda diminuindo-me.
Engrandeça-se nesse poço de desejo e não ter.
Morra na fúria de uma criança mimada, que chora quando não come o pudim antes do brócolis.
Histérico.
Morra.
Ou mate-me, de preferência.
Degole toda e qualquer lembrança de mim, escalpe meus cabelos longos ou curtos, arranque minhas pernas finas, já sem os jeans rasgados, esqueça meu umbigo.
Jamais há de tê-los, nem as vistas, quem dirá aos toques.
Escoste-se na parede alcoolizado e chame qualquer outrém, buscando a mim.
Afogue-me em alcoól e morra engasgado com as lembranças.
Pois vos digo, aqui estão todas as intenções mais brutas e vorazes, mais sinceras e arcaicas.
Agonize, e engasgue, e vomite e desespere-se
Tudo, de novo e de novo.
Mate seus vermes internos com o maior teor etilico que encontrares.
Esqueça minha podridão, perto da tua ela é florida e ensolarada.
Esqueça-me em detalhes.
E eu, que esgotei-me em letras, e em paciência, só tenho uma única coisa a dizer-te:
Este será o último.



setembro 07, 2013

Por isso quando eu te mandar a merda, obedeça.

Acho engraçado a falta de sinceridade das pessoas com elas mesmas.
Cheias de poréns, contudos e entretantos, as pessoas choram miséria daquilo que elas não tem, mas que nem mesmo elas sabem se querem.
É muito equivoco pra pouca decisão.
É muito querer pra pouca constancia.
Eu mesmo admito que não sou a pessoa mais constante do mundo, minhas vontades mudam como o meu humor, sem aviso prévio.
Meus desejos ja tomam logo uma justa causa e nunca mais são empregados de novo.
Eu não sou perfeita, e nem pretendo ser. Graças a Deus esse é um fardo que não quero carregar!
Então não espere de mim reações previsíveis e dóceis.
Eu não sou dócil, eu sou amarga e azeda.
Não espere de mim aquilo que nem mesmo você sabe o que é.
Não espere de mim, que, agindo como os outros babacas quaisquer, você vai ter o que eles tiveram.
Por eles eu tinha amor, por você não.
Por isso, quando eu te mandar a merda, obedeça!

setembro 05, 2013

tempo.

Vide antes, do agora o porém
Ante veja, antes , o agora do depois
Depois de hoje, o antes que virá
Irá.
A ira da ida, a volta do adeus
Ateontem eu era o seu amanhã
Hoje eu sou seu adeus
Adeus de ontem, olá do amanhã
Amanhã, manha.
Artimanha do ontem, mudar o hoje
Hoje será ontem, e ontem anteontem
e ontem eu era seu amanhã
Mas amanhã tornou-se hoje
e eu passado, de um pretérito imperfeito
defeito
Meu ou seu, nunca nosso
Nós, dividido em dois
Embaralhado em nós
Nós em nós
Dois
Um e um
Depois
Em um futuro
Mais que perfeito.

agosto 28, 2013

Me cure de mim.

Abro aqui meu peito infertil.
Me cure de mim.
Me impregnei com ideias e ideais tão fortes, que já não consigo ser diferente.
Consegui duplicar e realocar um segundo cérebro pra dentro do peito, e meu coração deve estar por aí, empalhado em algum antiquario.
Virou reliquia.
Virou estigma, cicatriz daquilo que não há.
Me dê um final, daqueles dramáticos dignos de aplausos e choros desatinados por falta de mim.
Eu não choraria, pra que chorar?
Mas me cure de mim.
Sempre fui navegada por aquele orgãozinho pulsante e vermelhinho, que fazia um barulhão aqui dentro.
Hoje tudo é silêncio, e ninguém sabe o que faz falta.
Meu rim diz que falta água, meu estômago reclama da comida, o pulmão dos cigarros...
A verdade é que sobra espaço, sobra vazio.
Então por favor me cure de mim.
Eu não passo disso, um grande espaço vazio, envolto de decepçoes e expectativas, e mistérios e histórias.
E quantas histórias tristes nós temos pra contar?
Eu só tenho uma.
A minha.

agosto 24, 2013

Você NÃO tem esse direito

Tenho as pernas tortas e compridas, sempre as tive
Dedos longos, quadris largos e uma sina com cabelo.
Quase não tenho seios, mas isso nunca me incomodou.
Detesto minhas orelhas, e minhas costelas saltadas por conta da bronquite.
Não gosto dos meus pés, mas adoro minhas canelas de sabiá, e meu nariz.
Meus braços extremamente longos me incomodam um pouco, pois acabo desengonçada.
Mas adoro minhas costas, e meus ombros e meu pescoço.
Gosto das marcas do meu corpo, tanto das que foram como das que não foram de propósito.
Cicatrizes recentemente adquiridas por conta de um descuido, ou então as três pintas prediletas que tenho, duas no canto do olho, e uma no canto da boca, todas do lado direito do rosto.
Gosto das minhas tatuagens, todas elas são envoltas de significados, e lembro de cada fisgada enquanto a agulha rasgava minha pele.
A verdade é que me construí com extremo esmero, cada palavra, cada jargão, cada chatice, tão meus que nem sei como...
Então, me perdoa, você não tem esse direito.
Eu tenho direitos autorais sobre mim, e não, eu não sou um personagem seu.
Eu sou uma personagem minha, às vezes vilã, às vezes heroína, mas sempre muito minha, sempre muito eu.
Eu me empresto para seus contos, deixo usar-me de inspiração, mas não tente me tomar pra si.
Eu existo independente de você.
Não que você não tivesse capacidade, mas não foi você quem me criou.
Em contrapartida, eu tenho fé de que se eu não existisse, você me inventaria.

agosto 21, 2013

Vingança é um prato que se come fervendo

Nunca fui uma pessoa vingativa, de verdade
Sempre achei que a vida proporciona o que cada um merece, de acordo com o que merece, e quando merece...
Mas ahhh, vingança é um prato que se saboreia fervendo.
Não que seja de propósito e eu juro que nunca foi
Mas a vida por si só me proporcionou a oportunidade de dar o troco, na mesma moeda, ou em outra moeda qualquer
Como diz o ditado, a ocasião faz o ladrão, e nesse caso eu sou uma larápia de primeira linha.
Entendam, não que eu sinta vontade de me justificar ou algo do tipo, mas a minha filosofia de vida é extremamente simples, e é a seguinte: Eu faço o que eu quero.
Se eu não estou nessa vida pra suprir meus desejos e vontades e quebrar a cara ou acertar de vez em quando para o meu próprio aprendizado, estou aqui pra quê?
Pra servir os outros?
JAMAIS.
Não nasci pra servir ninguém, e ninguém nasceu pra servir a mim...
Não acredito em pirâmides ou cadeia alimentar.
Acontece que entre as oportunidades de fazer o que eu tenho vontade, minhas vontades coincidiram com um tempero doce de vingança, que só é boa mesmo quando queima lingua... igual brigadeiro de panela.
Não me julguem, não é necessário, eu sou ruim mesmo, nunca disse que era diferente.
Mas ruindade é uma coisa, manipulação é outra.
Minha maldade ainda é em um nível sincero, eu não armo esquemas mirabolantes seguidos de mentiras de pernas curtas e cabeludas.
Não.
Não saí de nenhuma novela onde forjo provas e afins, pra me dar bem...
Minhas vinganças simplesmente acontecem, como se a vida me desse o alvará para tal...
"Toma, é seu" é mais ou menos o que eu ouço toda vez que algo do genêro me ocorre... e de novo aquele gosto de brigadeiro queimando na boca.
Se a vida por si só me da a razão, eu não poderia estar tão errada.
E como é doce o gosto da vingança.



agosto 15, 2013

Sina

Eis que esta é minha sina
Nosso gosto musical é diferente
Nossos times de futebol não coincidem
Eu nunca gostei de rosa, aliás eu detesto rosa
Não suporto ter o cabelo passando dos ombros
E por você eu não os cortaria jamais
Você gosta de dançar
Eu gosto de me expressar
Eu não sou delicada, eu vivo descabelada
Eu não ligo pra nada
Eu gosto de cicatrizes
Pra você qualquer marca na pele é absurda
Você é cuidadosa
Eu desvairada
Eu detesto coisas de menininha, eu não gosto de frescurinha
Eu não suporto indecisão, falta de posição
Já você tem paciência, e quase é pacífica
Eu sou guerra, sou tempestade
Você, brisa leve, calmaria
Eis que esta é minha sina
Ser ovelha negra
Da minha família

agosto 12, 2013

Aprendi a ser completa

Cheguei em um ponto na vida em que nada mais me assusta
Nem ao menos a morte me intimida.
Não tenho mais medo
Não tenho nenhum medo
Nem de perdas ou ganhos
Também não me impressiono mais tão fácil
Passei a lidar com as coisas exatamente da forma com que elas são
Passageiras, volateis, solúveis
E digo solúveis porque toda e qualquer situação é facilmente diluida em um abraço confortável
Aprendi a diluir, ao invés de destilar, veneno e rancor
Sentir dor, sem sofrer
Chamem de conformismo, de inércia
Eu chamo de plenituide
Eu sou quem eu sou, sou quem me tornei
E hoje, depois de trancos e barrancos, e apunhaladas e decepções
Eu me basto.
Eu sei, é algo lindo, porém egocêntrico e egoísta, mas é a verdade
Eu me basto pra mim, eu me sou suficiente
E não tenho vergonha, de mim, ou da minha história, ou do que fiz. ou deixei de fazer
Pelo simples fato de ser meu
Em contrapartida, aprendi a ser intolerante
Inconsequente, pedante...
É tanta segurança que me tornei uma pessoa rude, grosseira
Mas por favor, não me intrerpretem mal, ou me interpretem, como quiserem
Eu só não ligo mais...
Diluí tanto, que todas as emoções tornaram-se água...
insipidas, inodoras, e sem cor...


agosto 07, 2013

A inventora de histórias

Sempre fui assim
Uma inventora de historias
Começo e termino histórias como quem começa e termina um copo d'água quando tem sede.
E como tenho sede de historias!
Que bela dança em ciranda fazem as letras em minha cabeça, em uma rima de ciranda sem fim nem começo, em bolas de sabão coloridas, um arco-íris tão meu.
Se faz roda, como um vicio, assim é escrever, um ciclo de heróis e fadas, centauros e medusas.
Acaba que a mocinha é o vilão, o vilão é só  alguém que se machucou no caminho, e no fundo era bonzinho.
Vai entender, as historias somente nascem de mim, nada mais sou do que uma parideira de contos.
E dizem que "Quem conta um conto aumenta um ponto", mas eu prefiro virgulas e reticências...
E de novo a história gira, o mundo gira, minha cabeça gira em idéias e aí vem mais uma história, e se na metade não tomar o rumo que eu quero eu começo de novo, e recomeço, e tudo de novo quantas vezes eu quiser.
Afinal, eu faço a história que eu quiser, e invento do meio o começo e de um começo o fim quantas vezes forem necessárias.
Afinal, sou uma inventora de historias, como não poderia ser responsável pela minha?

julho 30, 2013

Muralha da China

Tijolo por tijolo, bloco por bloco
Algumas espátulas de cimento ou qualquer outra coisa
Tijolo por tijolo, meia dúzia de palavras bonitas
e lágrimas aos rios
Bloco por bloco, algumas espátulas de desamor ou qualquer outra coisa
E pedaços espalhados
Tijolo, bloco, cimento e janela...
Janela?
Não, sem janela.
Tijolo, bloco,cimento, palavras bonitas, lágrimas aos rios, espátulas de desamor, ou qualquer outra coisa, e sem janelas.
Sem janelas.
Sem portas sem buracos, sem passagens, sem pontes elevadiças.
Sem pontes elevadiças.
Tijolo por tijolo, bloco por bloco
Algumas espátulas de cimento ou qualquer coisa
Mais tijolos, mais blocos
Mais cimento ou qualquer outra coisa
Qualquer outra coisa
Muralha
Sorriso por sorriso, abraço por abraço
Alguns beijos apaixonados ou com qualquer outra coisa
Bloco por bloco
ao chão
Tijolo por tijolo
ao chão
De nada me vale o cimento
Meia dúzia de palavras bonitas,
E lágrimas aos rios.
Desamor.
E pedaços espalhados.

Tijolo, por tijolo...





julho 27, 2013

Grilo da sorte

Estou impregnada.
Sentada na minha cadeira como de costume, tentando me curar da ressaca de dois dias atrás,completamente impregnada.
Curtida em alcool. com frio, e meu Deus, como faz frio quando a gente não tem nada que aqueça a alma.
E quando a mesma é fria, o corpo padece em tremores e soluços, mas não sente.
Ainda assim, estou impregnada. Estampada em cada letra e verso, em cada raiva incontralada de não ter, e querer demais.
Estou eu ali, e aqui, estou eu escrevendo por você ou por mim?
Estou completamente impregnada.
Cada letra que escrevo sinto como se fossem seus dedos tamborilando no teclado,enquanto eu fumo um cigarro esperando você terminar de se deleitar na memória de mim.
Eu gosto disso, gosto de ser motivo, falta de razão, gosto de no mundo, ser o mundo de alguém.
Não foi de proposito, nunca é de propósito, eu só sou assim, e me desculpe por isso.
Ainda que minhas desculpas te irritem mais, elas são necessárias, pois é a única coisa que posso fazer é isso, e eu preciso fazer alguma coisa.
Sou como um grilo da sorte, te trago toda a inspiração, e você me inspira também, como não?
Mas como você mesmo diz, sou um ser mitológico, greco-romano, de encantamentos e sereias, e bailarinas e marinheiros, Repito, mitológico.Um mito, mas sem lógica nenhuma.
Mágica não tem lógica, paixão também não.
Acontece que, o que nesse mundo é melhor inspiração pra um escritor do que o próprio enredo?
E é tão bom ler-se no enredo alheio, ver-se em história, em prosa nas mãos de outrém.
Por isso digo, eu sou a lâmpada da sua idéia, seu grilo da sorte, que aparece e vai embora.
E não faz sentido nenhum ter-me, porém.


julho 22, 2013

Nunca fui sua.

Fui barro e chão.
Fui planta e mineral.
Fui tudo e nada.
Fui lava.
Fui fogo e ferro.
Fui santa e incrédula.
Fui o demônio com fé.

Fui o primeiro raio de sol.
Fui o primeiro pingo de chuva.
O primeiro beijo, o primeiro passo, a primeira dança.
Fui o ultimo suspiro.
O ultimo trago, o ultimo amor, o ultimo olhar.
Fui primeiro e ultimo.
Fui o do meio
O da ponta, o terceiro.
Fui o banheiro.
O quarto, o quinto dos infernos, da sala vazia.
Fui minha mãe, fui minha filha.
Fui incômodo, fui cômodo 
Fui sala e cozinha.

Fui bule, fui chá e café
Fui biscoito, bolo e bolacha
Fui anjo, fui ternura, fui perdição.
Fui perdida e encontrada, fui achada e perdida.
Fui eu, fui você, fui mundo e fundo
Fui fosso, fui fossa, fui poça de alegria
Fui fonte e nascente
Fui poente
Fui cheiro e sabor
Fui toda amor, fui plena dor
Mas nunca fui sua. 



julho 20, 2013

Loucura em doses homeopáticas

Sou maluca.
Simples assim.
Não  tem mistério nenhum, nem definição, nem merda nenhuma que possam usar para me rotular diferente.
Maluca, tan-tan, lelé da cuca, muy loco del coco, como quiserem.
Conhecem gente louca? Que baba, e balança as mãos loucamente e vocaliza qualquer vogal misturada com um M no meio?
Pois bem, estou quase lá. Eu disse quase.
Tenho doses homeopáticas de loucura distribuídas em surtos psicoticos/neuroticos/autodestrutivos.
É quase como um porre de loucura, eu tomo todas da minha maluquês, fico muito louca, e no dia seguinte tenho a ressaca. E que ressaca.
É porque loucura boa mesmo, daquelas fortes, são aquelas com flashes de sanidade.
De nada me vale ser maluca e não saber, não é mesmo?
Tenho que sentir a culpa dos meus atos, e ficar me perguntando o porque de ser assim e aquela coisa toda.
Aquele dramalhão de sempre, que é a linha que minha vida segue.
Porque além de louca eu sou dramática.
E como eu sou dramática! Essa tal de Gloria Perez ia chorar de emoção com a obra prima da minha vida.
Não que eu seja dramática por opção, a vida quis assim, e quem sou eu pra desrespeitar a vontade de uma força maior?
Eu sou só eu, assim, pele e osso, e um pouquinho de carne e alma, aqui e ali.
Tudo tão misturado que não sei dizer o que é pecado e o que é santo.
Pobre da minha alma que atura meu corpo, pobre do meu corpo que aguenta o peso da minha alma.
E assim a vida segue, dizem que todo maluco tem algo de genial, espero que eu descubra minha genialidade antes de babar e balançar os braços, pra poder justificar a minha enorme loucura esporádica.
E a minha loucura mais maluca, minha vontade mais louca era de ter alguém tão louco quanto eu, e o melhor, louco por mim.
Teimosia minha.
Todo louco é meio teimoso, todo teimoso é meio dramático, e eu sou de todos eles, mais do que deveria.


julho 19, 2013

Centauro

As doses de whisky desciam doces e quentes pela minha garganta.
Era meu predileto, Jameson.
Completamente fora do comum encontra-lo em qualquer lugar que não fosse em uma garrafa em casa.
Clube do whisky, pensei.
Estava eu em um Pub, meio rock n' roll, mas sem rock n' roll nenhum.
As musicas eram melosas, e o whisky descia quente pela minha garganta, havia uma cabine telefônica inglesa, e um telão com futebol, uma escadaria que crescia a cada dose que eu tomava.
Whisky quente e aquele calor foi aquecendo minha garganta, meu toráx e todos os órgão envolvidos nessa região.
Eu tinha dado um basta naquela história. Aquele meu " homem da máscara de ferro" ja tinha tomado de mim todas as doses que eu tinha a oferecer, minha garrafa estava vazia,meu estômago e meu copo também.
Mais uma dose, cada uma vinham duas, cada duas vinham quatro, musica melosa, e uma mensagem.
A mensagem não foi minha, mas foi pra mim.
Teria o cavaleiro caído do cavalo? Não sei, vamos averiguar.
Copo cheio, estômago vazio, e mais mensagens.
Coração se aquecendo, meu Deus seria o whisky ou o que?
Meia dose, uma dose, uma garrafa inteira de mim se enchendo como um refil magico de esperança.
Eu ja não estava em mim, será que ele teria caído em si?
Disse... desmanchei-me em palavras doces, sussurros em letras, carinhos em curvas, o que eu teria a perder?
Absolutamente nada, eu ja tinha feito tudo, uma decisão minha feita por mim, e para mim.
Mas era tão dificil resistir aquele carinho disfarçado de eu não me importo, aquela saudade disfarçada de não preciso de ninguém.
Ou será que eu quis acreditar que fosse assim, sentir sem sentimento, era tudo que me podia ser oferecido?
Mais doses, menos garrafa, e eu já transbordava em amor, um amor que nem mesmo eu sabia que sentia, e que com certeza me traria dores de cabeça no dia seguinte.
Fecha o Pub, adeus whisky, ola coração.
Me perco nas batidas latinas da musica no carro, na tontura, de tantas idéias mirabolantes que me passam pela cabeça, que de oca nunca teve nada.
Cheguei a me animar com a idéia de talvez sentir algo outra vez... já faz tanto tempo.
Tantos galanteios e flores morrendo em vasos, em vão. Nada daquilo me fazia sentir.
Será que o cavaleiro havia caído do cavalo?
 Pois então que vem o dia seguinte, e o sono, e a preocupação, e a dor de cabeça e no fígado que, convenhamos, ja não anda dos melhores.
O alcool que eu ingiro me cura as dores da alma mas adoece todo o resto da carne. Paciência.
A carne é finita e a alma eterna, se algo tem que chegar em bom estado em algum lugar é o espirito, pois que assim seja. Continuemos...
Dia seguinte, e todas as dores devidamente descritas, eis que surge uma questão, depois de tudo que foi dito, por quê?
E como nunca fui mulher de dúvidas, muito pelo contrário, tenho certeza até quando não sei, resolvi questionar meu reluzente cavaleiro, mas era tarde demais.
Sua armadura ja estava posta, sua espada empunhada para cortar meu coração, que ainda estava aquecido, ao meio.
Será que ele caiu do cavalo?
Evidente que não, suas patas estão grudadas à sua cintura como um centauro.
A única diferença é que dessa vez, após o corte, meu coração ao meio, não sangrou.

julho 18, 2013

único raio de sol.

Vi um raio de sol despontar no horizonte
por detrás daquele céu turbulento e cheio de mágoas, de um cinza massante, um raio de sol brigava pelo seu lugar.
Furava uma nuvem ou outra que passava, e se aproveitava dos breves intervalos para forçar-se ainda mais por entre aquela massa espessa de pesar.
E como era pesado o pesar.
Por vezes pesava no céu e se precipitava em lágrimas que molhavam o chão, por outras se revoltava em trovões e raios que cortavam minha alma. Em uma revolta por não curar-se de si.
Quem disse que depois da tempestade vinha a bonança não conhecia o meu infinito universo, tão pouco poderia medi-lo ou prevê-lo com unidades meteorológicas ou aparelhos tecnológicos. Nem mesmo eu poderia faze-lo.
A garoa fina era inisistente e gélida, e tomava conta de mim.
Mansa, chove, e chove, calada,, doída, fria.
E persiste enquanto pode.
Maldito nome, maldita sina, maldita eu e nós e todo o resto, maldito frio.
Trovoadas ressonando sem a menor piedade por entre meu corpo, terremotos, maremotos, e todo o resto, me partindo em dois, em dez, em mil.
Maldito nós, maldito você e eu, maldita sina.
Um Universo caótico, desmoronando, se abrindo em valas e Canyons, calamitoso.
Cuspindo lava, chovendo frio.
Por que raios há de haver um raio de sol ali?

julho 17, 2013

Se fosse meu, eu lhe daria

Tamanho o pesar de vê-lo definhar, se fosse meu, eu juro que lhe daria.
Odeio vê-lo, repito ODEIO, vê-lo dessa forma.
É triste, mas não sou o tipo de mulher que se conquista com flores.
É triste mas não sou o tipo de mulher que se conquista, não mais.
Quem compara seu porão fundo e fétido com o meu, consideraria o seu um mar brando de rosas vermelhas.
Você não conhece a minha podridão, porque eu a disfarço, a maquio.Uma bela casca, porém grossa.
E é isso que eu faço de melhor.
Esconder vazio com floreios, colorir uma realidade insípida, que nem ao menos tem direito a tons de cinza.
É um bloco concreto, sem nuances, sem passagens. Uma penitenciária de segurança máxima, para uma única pessoa: Eu.
A única coisa que vem colorindo meus dias tão mais nublados quanto você os vê, têm sido aquele velho batom vermelho, quando me olho no espelho.
Que de vermelho é a unica coisa em meu ser. Meu sangue é lodo, parado em canos por ja não ser bombeado há meses, talvez anos.
Por isso eu lhe digo, com imenso pesar, que se fosse meu eu lhe daria, mas meu coração ja não me pertence.
E se você encontra-lo por ai, em qualquer antiquario, como reliquia, o traga de volta para eu poder limpa-lo e reforma-lo, e quem sabe assim, poder da-lo de presente a você, de aniversário.

julho 12, 2013

Ayuni (Cartas à um beduíno)



[...]
Não podia, não queria.

Abraçava-o com força, tentando transpor meu coração para seu peito, para que assim fosse capaz de sentir.
Na esperança de realmente tocá-lo de alguma forma,me engoli por inumeras vezes.
Eu queria ensiná-lo a amar, e acabei me ensinando.
Ele era inalcansável, intocável, tão meu e tão distante, tão perto e tão sozinho.
Seu coração há tanto fora substituido por quatro patas galopantes e um peito forte.
Não era a prova de balas, mas era a prova de amor.
E eu que por tanto tive meus olhos vagantes, perdidos no infinito.
E portantos e poréns, quiseram por vez, mais de uma vez, tudo aquilo que ele conquistou e não vê.
Não vê porque também tem os olhos vagantes, perdidos em um além, além de mim.
Me mantém aquecida e me faz sentir frio, como dia e noite no deserto.
Como respirar, me ter era um ato inato, mais forte que qualquer tempestade de areia.
Eu tinha que deixa-lo ir, eu tinha que me despedir.
Maktub eles diziam.
Mas eu não conseguia. Eu não podia.
Qua falta  me fariam seus trajes azuis, e sua sombra ao horizonte, às vezes vindo, por outras indo.
Seu cheiro de noz moscada me mantinha embriagada, e a lua sorria pra nós, como nossa confidente.
Tão certo quanto o sol que se põe, e se levanta no dia seguinte, ele voltaria.
E não havia água que saciaria minha sede.
Maktub, eles dizem.
Eu encontrei o meu ayuni.